A capital potiguar vai ganhar um parque urbano linear às margens da Avenida Engenheiro Roberto Freire, na Zona Sul da cidade. O espaço deverá aliar preservação ambiental e oferecer lazer e entretenimento para moradores e turistas. Ainda não há definição sobre o valor do projeto nem sobre os equipamentos que o parque vai abrigar, mas a Prefeitura e o Exército Brasileiro já assinaram o termo de concessão que autoriza a utilização da área, publicado no Diário Oficial do Município.
O secretário de Meio Ambiente e Urbanismo de Natal (Semurb), Thiago Mesquita, explicou que o conceito do parque combina lazer e conservação ambiental: “Queremos criar um equipamento público de esporte, qualidade de vida, recreação e lazer, mas, embutido no parque, a questão da conservação, educação e percepção ambiental”, disse.
A concessão é onerosa, mas a contrapartida será feita em obras da Prefeitura, a serem definidas com o Exército, e não em dinheiro. A área tem cerca de 100 mil m², o que corresponde a menos de 1% do Parque das Dunas. A Prefeitura pretende manter o máximo possível das árvores existentes, transplantar exemplares sempre que viável e, no caso de supressão, plantar o dobro de espécies da Mata Atlântica.
Segundo Mesquita, a escolha do terreno às margens da Avenida Engenheiro Roberto Freire se deu por ser uma área pública e antropizada, ou seja, já afetada por atividades humanas. “Ali nós temos uma das principais avenidas da cidade, que passa centenas de milhares de carros todos os dias, emitindo poluentes e gerando todo um efeito de borda naquela parte da unidade de conservação do Parque das Dunas”, explicou.
O espaço também foi usado por décadas para treinamentos militares e voos de veículos aéreos não tripulados (VANTs), o que contribuiu para a degradação da mata nativa. Com o projeto, a ideia é estimular a vivência direta com o verde para despertar o sentimento de preservação. “Quando você abre, cria um parque linear e coloca as pessoas usufruindo dessa área — crianças, idosos principalmente —, melhorando a qualidade de vida, você cria naturalmente o sentimento de percepção ambiental”, aponta o titular da Semurb.
Sobre os equipamentos, Mesquita adiantou que ainda não há definição, mas existem ideias preliminares: “Queremos ouvir da população se desejam infraestrutura de um restaurante, torre de observação, banheiros, quiosques, parquinho temático, bosque sensorial para pessoas do espectro autista”, conta. As consultas ocorrerão por meio de audiência pública na Câmara Municipal e de canais online.
Outro equipamento cuja instalação está sendo estudada é a de um memorial sobre a participação de Natal na Segunda Guerra Mundial, agregando ao parque um toque da história da cidade. Quanto ao financiamento, Mesquita confirmou que os recursos já estão assegurados: “O senador Styvenson (Valentim) garantiu o recurso, tanto para fazer a parte onerosa para o Exército, quanto para construir o parque.”
Discussão com a população
De acordo com Thiago Mesquita, a definição da área responde a um antigo pleito da população, registrado desde o Plano Diretor, por “mais áreas públicas para atividades diversas de recreação, entretenimento e com contato com a natureza”. Ele afirmou que o projeto será concebido de forma participativa. “Nós só poderíamos discutir com a sociedade e com o Conselho Gestor do Parque das Dunas depois de garantida a concessão. Agora vamos ouvir a população sobre que equipamentos devem compor o parque”, afirmou.
Moradores que frequentam a Avenida Roberto Freire consideram a proposta positiva. “Vai trazer crescimento para a nossa cidade. Nós, atletas, vamos adorar. Precisamos de ciclovia, de pista para correr. Isso vai favorecer e só vai fazer a cidade crescer”, enfatizou a ciclista Jô Fernandes.
Para o vendedor Ednaldo Silva, que trabalha nas proximidades, a iniciativa é promissora. “Eu acho que vai melhorar a área, porque esse espaço, do jeito que está, permanece fechado. Vai ter mais gente por aqui e isso abre mais chance de negócios”, avaliou.
Mas também há preocupação com a conservação ambiental da mata que ainda existe, apesar de antropizada. O estudante Aurélio Fernandes frisa que é preciso pensar no desenvolvimento sustentável da área. “O projeto parece bem viável e turístico. Acho possível preservar e fazer o parque, aliando a natureza ao lazer da população”, declarou.