As histórias em quadrinhos sempre foram um fascinante objeto de estudo para o artista visual, poeta e professor Moacy Cirne (1943-2014), referência nacional no gênero. Nada mais justo que, 10 anos após sua morte, uma parte de sua trajetória fosse contada nesse formato. E assim nasceu “A grande aventura de Moacy Cirne em quadrinhos”, uma HQ escrita e desenhada por Luiz Elson Dantas, e que será lançada no dia 30/01, às 16h, na gibiteca da Capitania das Artes. O mesmo local que recebeu o acervo de Moacy doado há alguns anos.
A revista, de 48 páginas, retrata de forma lúdica e dinâmica a obra que Moacy escreveu ao longo de sua extensa vida acadêmica. “O maior desafio pra mim foi pegar um conteúdo didático e acadêmico e transformá-lo num material mais acessível para o formato das HQs”, explica Elson, que fez essa transição com muitos elementos de humor, poesia, e algo de fantasia. Os textos criam uma narrativa divertida e estimulante, com arte-final assinada por Carlos Alberto de Oliveira.
O autor conta que há tempos almejava escrever sobre pessoas que admira em formato de quadrinhos. O pontapé, segundo ele, foi o lançamento do livro “Hmmm! Paixão criativa de Moacy Cirne”, na 7ª Bienal de Quadrinhos em Curitiba, no ano passado. A obra foi um trabalho organizado pelo GPOQT (grupo de pesquisa oficina de escrita, histórias em quadrinhos e tradução) da Universidade de Santa Maria (RS).
“Eu pensei que se tanta gente de fora tinha interesse em Moacy, nós que somos seus conterrâneos potiguares deveríamos também fazer algo para homenageá-lo. E aí veio a iniciativa dos quadrinhos biográficos”, conta. Elson ressalta que a sua HQ não tem foco na vida pessoal de Moacy, mas essencialmente em sua obra. Ele pesquisou boa parte do que Moacy escreveu (mais de 20 livros), além de reportagens sobre o pesquisador em jornais e revistas.
Luiz Elson Dantas atua no ramo dos quadrinhos em Natal desde a década de 80, lá se vão um pouco mais de 40 anos. “E por isso mesmo eu sei da importância que o Moacy Cirne teve nesse segmento, que ele tanto estudou e apoiou”, diz. Segundo ele, esse ramo vive um grande momento no estado, com uma agenda regular de lançamentos desde 2009.
O Rio Grande do Norte tem três vencedores do Prêmio Jabuti na área de quadrinhos. “O estado vive um ‘boom’ de criatividade no segmento, um fenômeno que Moacy não teve tempo de ver, mas do qual ele é parte fundamental do processo”, afirma Elson. Outro fato que ele ressalta, é que todas as obras premiadas contam histórias que se passam no RN. “Parece algo que está no sangue, e que é muito importante para a nossa identidade”, completa.
Elson é membro do Grupo de Pesquisa e Histórias em Quadrinhos (Grupehq) de Natal desde os anos 80, e já atuou na produção de muitas revistas em quadrinhos de forma coletiva. Foi professor de arte e desenho em várias escolas, e atuou em bibliotecas.
Antes da revista sobre Moacy Cirne, Elson também lançará no dia 28 a HQ “O dia que Natal mudou o mundo”, em parceria com Carlos Alberto, uma leitura em quadrinhos sobre a histórica Conferência do Potengi, na qual o Brasil acertou sua entrada na 2ª Guerra Mundial num acordo entre Getúlio Vargas e Franklin Roosevelt. O local, claro, será no Complexo da Rampa, onde tudo aconteceu no dia 28 de janeiro de 1943.
Fonte: Tribuna do Norte